Gambozino é uma animal imaginário.
Andar aos gambozinos, significa andar à toa, vaguear, vadiar, vagabundear.
É isto que eu prendendo: vaguear por vários assuntos, vários lugares, ao correr da imaginação e da disposição.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020


 Deixa-me pousar a cabeça

no teu peito,

deixa-me ser pequenina.

Embala-me nos teus braços 

e canta-me uma cantiga.

Aquela cantiga

que chamava meu sono.

Deixa-me sonhar

felizes sonhos de infância.

E quando acordar

segura a minha mão

e não me deixes

sozinha.


Júlia Costa

sábado, 19 de dezembro de 2020

Olhos...


 Olhos tristes.

Já foram crianças, felizes, descuidadas.

Uma semente enterraram,

nasceu a planta, desabrocharam as flores.

No inverno morreu.

Olhos que admiraram a beleza

e sofreram pela miséria.

Olhos que amaram, riram de alegria

e quanto choraram de dor!

Olhos tristes, olhos cansados.

São os meus.

Júlia Costa

segunda-feira, 2 de novembro de 2020


 Da minha janela vejo as folhas amarelecidas de uma árvore. Outono. Uma delas desprende-se e vem cair suavemente na lama da rua. Pobre folha! Ontem eras vida e davas vida; hoje és morte (mas continuas a dar vida).

Júlia Costa

domingo, 25 de outubro de 2020



Olhei o céu.

Em volutas caprichosas,

uma ave

fazia desenhos sobre o azul.

Queria que aquela ave 

escrevesse teu nome

e fosse dizer-te

que aqui, neste lugar,

o mar rebenta em  branca espuma.


Júlia Costa



 

terça-feira, 20 de outubro de 2020


 A minha tristeza

herdei-a da terra onde nasci.

Terra agreste,

sem esperança,

por todos abandonada.

Hoje, 

que não me vejo

reflectida nos teus olhos, 

a minha tristeza 

é infinita.


Júlia Costa

quinta-feira, 15 de outubro de 2020


 Som de relógio

no silêncio da noite,

devorando espaço

entre vidas vazias.

Som indiferente e sádico

nas vagarosas horas de dor,

nas ligeiras de felicidade.

Mas é noite.

Hora de esquecimento.

Hora de sonho.


Júlia Galego

sábado, 10 de outubro de 2020

 


Fugaz,

como visão,

assim foi nosso amor.

Nos longos dias

da minha inexistência

em que alguma coisa nasce 

e logo morre,

fiquei de olhos frios,

sem dor.

Júlia Costa

terça-feira, 30 de abril de 2019

Rosas



Abril. É tempo de rosas.
(pena de não ter um jardim de rosas)

terça-feira, 2 de abril de 2019

quinta-feira, 21 de março de 2019

Póvoa de Varzim

Póvoa de Varzim
A PÓVOA EM CINCO ANDAMENTOS

1.

Percorro estas ruas
como quem bebe a infância

E treme a esse vento antigo
o cristal da memória

2.

Sei ainda sem nuvens
as pessoas as ruas as casas

Eu era um menino
com raízes de asas

3.

A tépida burguesia
(então ainda havia)
enchia pela tarde
salões que eu conheço

Por aí passo Ou permaneço
Mas o coração não arde

4.

Vem desde a Lapa
liso e lento
o som da ronca previdente

É um lamento do mar
ou um gemido de gente

5.

Não me falem de mar
Silêncio
Não me falem de barcos gaivotas
Silêncio só
Não murmurem essa pura
palavra
de sal e névoa
de alegria e mágoa
Póvoa Póvoa
Trago-a
comigo bornal de sol

E só de a ouvir
bate-me no peito
um coração que suspeito
nascido na água

JOSÉ CARLOS DE VASCONCELOS

terça-feira, 19 de março de 2019

domingo, 17 de março de 2019

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Paisagem portuguesa (alentejana) e poesia




O PORTUGAL FUTURO

O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oestee o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro

RUY BELO

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Orquídeas

As primeiras que fizeram o favor de desabrochar, para grande alegria de quem as pode admirar.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Rio

Poldras romanas no rio Ponsul, em Idanha-a-Velha. Dezembro de 2018.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Descansando

Idanha-a-Velha, dezembro de 2018
Na região das casas de granito, pedras antigas em casas cuidadosamente recuperadas. Sol e sombra. Um homem de idade avançada, como é normal nestas terras no interior, descansa o seu ócio estirado sobre a a escada.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Dimensões

Monsanto

O GUARDADOR DE REBANHOS/VII

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver  do universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha aldeia no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
 Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
      de todo o céu.
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
      nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

ALBERTO CAEIRO

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Guarita

Testemunha de tempos ferozes, disputas territoriais, cercos, sentinela atenta numa fortaleza inexpugnável. Hoje apenas lembra tempos passados e a admiração dos turistas que visitam o Forte da Graça, em Elvas.

sábado, 12 de janeiro de 2019

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Pôr do sol

Da linha do horizonte deduz-se a planura. É inverno, os ramos das árvores estão despidos de folhas: é tempo do descanso sazonal. O Sol põe-se iluminando o ar com cores de fogo. Se não fosse o rasto luminoso de um avião, diríamos que aqui não se vislumbra a mão humana.